quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

DIEGO MENDES SOUSA, UM POETA A SERVIÇO DA POESIA, SEMPRE.

          Diego Mendes Souza vive no Piauí. É um batalhador. Trabalha sempre em favor da literatura, tão aviltada, hoje, por alguns facínoras que se dizem "poetas" com a proteção dos suplementos culturais da imprensa brasileira que, com a mediocridade, muitas vezes chega na linha da sordidez.

         Afinal, essa é a cara do país em que vivemos. Essa mediocridade que fere fundo aqueles que ainda trabalham honestamente em todas as áreas da vida nacional. Mas estamos falando de literatura. E é na Literatura que algumas figuras lamentáveis surgem sempre de maneira melancólica, de alguma maneira o reflexo da vida nacional.

         Além de um grande batalhador em favor da Literatura e, de maneira especial, da Poesia, Diego Mendes Souza é poeta, enfrentando as mazelas que marcam este tempo ruim. Em um de seus livros, "Tinteiros da Casa e do Coração Desertos", Diego Mendes Souza diz que a poesia "é um misterioso passar pela plenitude das vivências humanas e das planificações sobrenaturais":

          -"Vejo-me caminhando no escuro, porque a criação poética é inesperada. Ora é generosa, ora teima em ser ingrata. A epifania da poesia instiga a espera. Todo poeta se abisma em um círculo. Seus temas escapam. Sua visão de mundo cresce. Suas experiências se contradizem ou se desdizem. No entanto, a essência mantêm-se ali, no centro dos seus motivos e de seus sentimentos".

          Uma confissão de palavras sinceras, que só os poetas são capazes de fazer, já que a poesia é descaminho, também, quando tudo se perde num tempo de negação. Cabe ao poeta juntar os pedaços do que sempre sobra de tudo que se perde.

        -"A poesia é um ato de coragem e de justiça consigo mesma. É a porta de saída para as misérias e tristezas do ser. Ela também festeja as alegrias, mas essas vêm disfarçadas de amplidão no tempo. É a abertura da claridade, quando afastada a pertinência da solidão".

         No poema "Defensor de Profecias" desse livro, o poeta escreve:

"Nós, defensores das profecias.
Nós, defensores das ilusões eviternas.
Nós, prescadores das luzes enfurecidas.
Nós, sucessores de nós mesmos.
Nós, hitoriadores de uma falha memória".

          Trata-se de um registro na vida atual de todas as coisas, das quais um poeta, especialmente um poeta, não pode escapar nunca. Diego Mendes Souza segue esse princípio, de colocar a poesia na vida do homem, em defesa do homem, para o homem. Não pode ser diferente.

         Em outro livro do autor, "O Viajor de Altaíba", Diego Mendes Souza, nascido em Parnaíba, costa norte do Piauí, faz uma longa viagem por lugares de sua vida, oferecendo seus poemas a muitos poetas brasileiros que trabalham honestamente esse ofício de escrever. O livro tem o prefácio do poeta Carlos Nejar, da Academia Brasileira de Letras, que escreve acertadamente:

         -"Diego Mendes Sousa é forasteiro de si mesmo, por ser sua fronteira ou divisa, a alma. E tenta repetir no ritmo "o lado do raio". O raio é a velocidade com que a luz se move entre as palavrfas. É uma velocidade que assusta. Por ser a verdade assustadora". Nejar oberva que as metáforas usadas pelo poeta são tocantes. E por que são tocantes? São tocantes porque são feitas de poesia e a poesia só se faz com o encantamento, a beleza e a dor. Os poemas são bem elaborados em suas palavras e forma. Antes de tudo, um poeta que respeita a poesia e o poema. Mostra que faz poesia não por uma aventura, o que já se tornou lugar comum neste país sem rumo.
   
          Trecho de um poema deste livro:

*
Socorro! Socorro!

que meus olhos
flutuam
na existência
de um abismo
penitente
e transitório/.../.
*

        Outro livro de Diego  Mendes Sousa, "Gravidade das Xananas". Um belo livro de poesia. Poemas bem estruturados em que o poeta foi fundo buscar as palavras necessárias para escrever o poema. O que se nota sempre, além da poesia, é que Diego é um trabalhador, aquele que batalha sempre em favor do que acredita.

*
Não podemos mitigar
nossas almas
às favas do eterno.

Devemos entardecer
no uno, no elo
entre as divindades
e as trevas escondidas
no tempo.
*
         Esse trecho de um dos poemas deste livro mostra o cuidado e o zelo com a palavra, obrigação de todo poeta que se deseja honesto consigo mesmo e com seus pares. E assim ele caminha. Não se perde nas facilidades vigentes na poesia de um país sem poesia. O país não tem poesia, é verdade, e cabe ao poeta cavoucar o chão em sua busca. A poesia sempre existirá. Diego observa:

-"O Poeta anuncia o presente e alarda o futuro, ao mesmo tempo em que preserva o passado. E nessa imersão de tempos, acaba por ser a memória sentimental da sua gente sanguínea, dos seus conterrâneos e dos seus contemporâneos. A poesia é sempre a boa nova. Ela é a ressurreição da beleza em último estágio".

Não haveria explicação melhor, até porque vem do próprio poeta. A poesia merece esse respeito. E sempre merecerá. Os poetas existem para isso. Os poetas verdadeiros, não aqueles que atuam como aventureiros da palavra e da poesia. Diego Mendes Sousa é um exemplo pelo seu trabalho, sua batalha e pela poesia que produz. 

Um comentário:

  1. "Devemos entardecer
    no uno, no elo
    entre as divindades
    e as trevas escondidas
    no tempo."

    Que Beleza! Que funda tessitura de verdades!

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