segunda-feira, 20 de março de 2017

SOLIDÃO, CICATRIZ ALÉM DA PELE

(POR FAVOR, NÃO DEIXAR COMENTÁRIO)

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A solidão corta o ar, as imagens, as palavras. Sentir solidão é estar por dentro de si mesmo, sem rumo, sem saída, uma dor que escorre pelas paredes, pelos livros, pelos dedos. As mãos perdem o aceno e tudo se transforma numa mancha, uma sombra que percorre o olhar, envolvendo tudo. Muitas vezes me sinto sozinho sem saber porquê. Fico então em silêncio comigo mesmo, andando no meio das pessoas, aquela multidão de gente que anda, anda, anda, anda. Eu também ando, mas não sei para onde vou. Ontem à noite ouvi um CD da fadista Mariza, que uma prima me enviou de Portugal. E uma faixa tem o nome "Boa noite, solidão", fado letra-poema de Jorge Fernando. Ouvi muitas vezes. Um fado que me tocou muito na voz linda de Mariza. Um fado que percorre o corpo e a alma, com as guitarras portuguesas, a voz da fadista dizendo de um mundo de dor, essa solidão de todas as horas, que caminha pelas ruas, se mostra no espelho, no poema, na poesia ainda possível. Transcrevo a letra de "Boa noite, solidão", aos meus 19 leitores, para dividir a Beleza.
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Boa noite, solidão,
vi entrar pela janela
o teu corpo de negrura.
Quero dar-te a minha mão
como a chama de uma vela
dá a mão à noite escura.

Os teus dedos, solidão,
despenteiam a saudade
que ficou no lugar dela.
Espalhas saudades pelo chão
e contra a minha vontade
lembras-me a vida com ela.

Só tu sabes, solidão,
a angústia que me traz a dor
quando o amor a gente nega.
Como quem perde a razão,
afogamos nosso amor
no orgulho que nos cega.

Com o coração na mão,
vou pedir-te, sem fingir,
que não me fales mais dela.
Boa noite, solidão,
agora quero dormir,
porque vou sonhar com ela. 

 

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