domingo, 5 de março de 2017

PORQUE ALGUNS POETAS E ESCRITORES ESCREVEM TANTO

Meu amigo querido, poeta Celso de Alencar, sabendo de minha produção literária, enviou-me o trecho de uma entrevista que a professora de Letras, Eulina Pacheco Lufti, concedeu à jornalista e escritora Elizabeth Lorenzoti, que escrevia para o Suplemento Literário do jornal O Estado de S. Paulo. A entrevista foi feita em março de 1999.

Sou um poeta com mais de 50 livros publicados no Brasil, incluindo também romances e ensaios literários. E ainda peças de teatro. Mas sou fundamentalmente poeta. Some-se a isso 17 livros publicados em Portugal e 6 na Espanha, além de dezenas de antologias de contos e poesia brasileiras e estrangeiras. Além disso tudo, atualmente tenho 21 livros inéditos e comecei agora a escrever outro que vai chamar-se "O Colecionador de Pedras". E há, ainda, os pequenos poemas de até 140 toques que escrevo para o twitter, em fase experimental e que poderá transformar-se num livro que vai chamar-se "301 pequenos poemas azuis". Tudo inédito ou, antecipadamente, póstumos. Meus amigos de Geração 60, não só de São Paulo, mas do Brasil, dizem sempre que eu sou o poeta que mais escreve. E é verdade: trabalho todos os dias na literatura, até sábados e domingos. Todos os dias. Todos.

O trecho da entrevista de Eulina Pacheco Lufti a Elizabeth Lorenzentti, em 1999, que Celso de Alencar me enviou é o seguinte:

-"A liberdade faz parte da natureza humana. Os que escrevem mais são os que se sentem mais sufocados. Mas, quem tem sensibilidade mais aguçada, com um apelo maior de liberdade, acaba buscando meios para dar vazão a esse desejo. E, no caso, escrever é uma válvula de escape, é um gesto contra essa falsa homogeneização, contra um mundo que não reconhece as diferenças".

Acho que está correto. Eu me encontro nisso. Estou dentro disso, amarrado dentro disso, gritando no meio disso tudo. A palavra é o que me salva, não como uma escrita "mecânica", porque, antes de tudo, busco a qualidade literária em tudo que escrevo. Mas, confesso: escrevo por angústia. Por muita tristeza, desencontros e desencantamentos. Preciso me salvar de alguma maneira.
 

Um comentário:

  1. Ah, oomo compreendo cada palavra escrita aqui. Também me salvo através da escrita ainda que minha escrita tenha se perdido completamente de si mesma, pobre dela. Quem sabe ainda,dela, minha escrita venha algo reencontrar... 'Minha' escrita...
    Bom domingo,ou melhor: o melhor domingo possível, Poeta.

    ResponderExcluir