quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

OS POETAS MORTOS

POEMA

Os poetas não morreram
como eu pensava:
ainda existem uns três ou quatro
que observo de longe
como se não acreditasse.

Não morreram, como eu pensava.

Uns poucos ainda conhecem as águas das chuvas
a molhar os pés e a roupa nas poças.

Ainda escrevem poemas com as palavras,
deixam-se sentir o que a poesia sente,
como se a tomar um café,
lendo um jornal antigo
que fala de um mundo que não interessa mais.

Ainda existem, uns quatro ou cinco,
ainda existem a andar sapatos perdidos
nos rumos que faltam,
a percorrer lugares que afligem.

Os poetas não morreram
como eu pensava:
ainda existem uns seis ou sete,
que conversam com as abelhas,
com os pássaros feridos,
como se fossem eles essa ave que não voa mais.

Uns oito ou nove, ainda existem

Ainda existem na cicatriz dos dedos,
no poema que se escreve como a última palavra.

Ainda existem, quem sabe quinze, dezesseis.

Ainda existem poetas,
não morreram todos como eu pensava,
alguns raros que se desfazem nos poemas.

Talvez dezenove ou vinte,
que fazem da poesia a sua prece,
poetas que ainda sentem,
a viver silêncios de uma quermesse.:

ainda existem,
uns três ou quatro.



5 comentários:

  1. Sim, Poeta. Tu, um desses. Sempre, desde sempre e para sempre.

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    1. Lindo poeta.
      Um desses e você.🌹🐦

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    2. Adorando ler seus poemas, Poeta Álvaro Alves de Faria. Com este SEU "POEMA" farei uma postagem agora, pelo 'Dia da Poesia', em meu FlogVip. Feliz por estar começando a conhecer sua Poesia. 🌹 Um abraço

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  2. Sempre gostei demais, na verdade nunca esqueci de quando vc escrevia na sua coluna no jornal ( Não lembro o jornal)década de 70?
    .

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