quarta-feira, 16 de março de 2016

A BANDEIRA NA JANELA

No domingo minha filha me procurou com respeito (sempre me respeitou, diga-se) perguntando-me se poderia colocar a bandeira brasileira na janela de casa.

Eu lhe disse: "Deise, porque você me pergunta isso?

Respondeu-me: "Pai, respeito muito seu passado, sei tudo, tenho receio de magoá-lo!".

Eu lhe falei: "Deise, o futuro é seu. Coloque sua bandeira na janela. Faça o que seu coração mandar fazer. Não tem que me perguntar nada. Eu não acredito em mais nada. Em nada nem em ninguém dessa gente ordinária que aí está. Poucos deles merecem respeito. São todos grande ratazanas, traidores da própria vida. Eu me sinto traído. Tudo que aí está é lixo para mim. Muito lixo. O que sobrou do lixo".

Senti tristeza nos olhos de minha filha.

-"Me desculpe pai, então eu vou colocar a bandeira na janela!".

Colocou e vestiu sua camiseta amarela. Vários amigos e amigas dela passaram em casa logo a seguir e foram todos para a Avenida Paulista. Voltou cinco horas depois. Estava feliz.

2 comentários:

  1. Seu texto me comoveu muito poeta, muito!
    E que bonita a relação de vocês!
    Sua resposta à sua filha foi a de um pai amigo.
    Você tem razão de estar desiludido com esse quadro deprimente que aí está. Mas, respeita a opinião dela.
    Ela estava feliz,porque sentiu que fez sua parte!Apesar de tudo,não se pode desistir de lutar...nunca!!!
    Boa tarde poeta!
    Lucia Helena... No Google só registrou o Lucia.


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  2. Sonho dormindo.
    Sonho acordada.
    E somente por isso hasteei a bandeira da pátria que eu amo no terraço de minha casa.
    É uma forma de começar a resgatá-la, chamá-la de volta à vida.
    Enquanto ela tremula movida por ventos fortes, avassaladores, que tentam rasgá-la, derrubá-la,sonho dormindo,sonho acordada e não sinto que estou errada.
    Pela primeira vez.

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